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Os Melhores Poemas de Emily Dickinson





Emily Elizabeth Dickinson (nasceu em Amherst, Massachusets, em 10 de dezembro de 1830) Foi uma poetisa americana. Dickinson, não possuía um gênero de poesia especifico, seus poemas são ora de indizível leveza, sobre pequenas coisas do dia a dia e a fluidez do tempo, ora composições mais pesadas, que tratam da morte e de tensões psicológicas. Emily, possui um verdadeiro espírito livre, pensa e expressa seus versos com sua peculiar sensibilidade que transforma em beleza trágica a brevidade da vida.

Emily, abandonou o colégio para moças que frequentava, alegando problemas de saúde. Após essa experiência, optou pela reclusão e foi então que começou a escrever. A poeta em uma de suas poucas viagens teve uma amor não correspondido. Dickinson viveu grande parte da sua vida na casa paterna, em um quase isolamento físico, e enfrentou diversas crises depressivas. As pessoas mais próximas da poeta foram seus irmãos. Emily morreu de nefrite, em 1886, praticamente desconhecida do público. Foi somente depois da morte de Emily que sua família descobriu os 1.775 poemas que ela compôs a partir de 1850.

Sua poesia caracteriza-se por sua liberdade no manejo do idioma, o solene desrespeito ao rigor das rimas e das formas, o constante ir e vir por temas como o amor e a morte, o êxtase e o desespero, a aceitação das regras divinas ou o afrontamento à figura de Deus. Quando Dickinson trabalha com a ideia de morte, apenas revela a intimidade da poeta com o que desde sempre assombra o homem: sua finitude. Essa mesma finitude que, para os gregos, traduz basicamente o caráter incompreensível dos deuses ou da Moira (destino), será vista por Dickinson como danação (maldição ou castigo), prêmio ou, ainda, como esperança de reencontro com aqueles seres que, de um modo ou de outro, fizeram parte da sua rede de afetos.

No entanto, se por um lado a presença da morte surge de maneira soturna e reiterativa, a celebração da vida confere um frescor alegre e, muitas vezes, rebelde à sua obra. Essa rajada de vida vem impregnada de imagens recolhidas das estações que se sucedem ao longo do ano, dos crepúsculos, dos animais selvagens, dos ventos, das águas, da borboleta e da abelha, das tempestades ou dos objetos e coisas que se encontram no ambiente doméstico. Tudo isso transfigurado por uma sensibilidade aguda e trabalhado com a obsessão de um alquimista à procura de seu ouro.

Obs: São os melhores poemas na minha opinião.

1.  A neve

Filtrada por crivos de chumbo,
Deixa o bosque inteiro empoado
E, com lã de alabastro, preenche
Os sulcos da estrada.

Transforma planícies e montes
Em ininterrupta face
Fronte inteiriça que se estende do leste
Até ao leste retornar.

Alcança a cerca
E lhe envolve, um a um, os sarrafos
Até que entre velos se perca.
Lança um véu celestial

Sobre moirões, medas e ramos;
Um vazio recinto estival
Acres alinhavados onde houve colheitas
Já esquecidas, mas pelos campos lembradas.

Forma rufos no punho dos postes,
Como em tornozelos de rainha
Depois, silencia seus artesãos feito espectros
E nega terem existido.

2. A aranha traz uma bola de prata

A aranha traz uma bola de prata
Nas mãos que não se vêem
E ao dançar, leve sozinha,
Desata seu perolado novelo.
Com artes imateriais,
De nada em nada vai tecendo;
Sua trama supera as nossas,
Na metade do tempo.

Rapidamente levanta
Territórios luzidios,
Pendentes depois de uma vassoura
Seus limites, esquecidos.

3. À noite, como deve sentir-se solitário o vento

À noite, como deve sentir-se solitário o vento
Quando todos apagam a luz
E quem possui um abrigo
Fecha a janela e vai dormir.

Ao meio-dia, como deve sentir-se imponente o vento
Ao pisar em incorpórea música,
Corrigindo erros do firmamento
E limpando a cena.

Pela manhã, como deve sentir-se poderoso o vento
Ao se deter em mil auroras,
Desposando cada uma, rejeitando todas
E voando para seu esguio templo, depois.

4. Moro na possibilidade

Moro na possibilidade
Casa mais bela que a prosa,
Com muito mais janelas
E bem melhor, pelas portas.
De aposentos inacessíveis,
Como são, para o olhar, os cedros,
E tendo por forro perene
Os telhados do céu.

Visitantes, só os melhores;
Por ocupação, só isto
Abrir amplamente minhas mãos estreitas
Para agarrar o paraíso.

5. A manhã se dá a todos,

A manhã se dá a todos,
A noite, para alguns poucos;
A raros afortunados,
A luz da madrugada.

6. A memória tem frente e fundos

A memória tem frente e fundos
Como se fosse uma casa;
Possui até mesmo um sótão
Para os refugos e ratos.

E o mais profundo porão
Que um pedreiro já tenha escavado
Há que estar atento para não ser
Por suas dimensões obsedado.

7. Para as assombrações, desnecessária é a alcova,

Para as assombrações, desnecessária é a alcova,
Desnecessária, a casa
O cérebro tem corredores que superam
Os espaços materiais.

Mais seguro é encontrar à meia-noite
Um fantasma,
Que enfrentar, internamente,
Aquele hóspede mais pálido.

Mais seguro é galopar cruzando um cemitério
Por pedras tumulares ameaçado,
Que, ausente a lua, encontrar-se a si mesmo
Em desolado espaço.

O “eu”, por trás de nós oculto,
É muito mais assustador,
É um assassino escondido em nosso quarto,
Dentre os horrores, é o menor.

8. Ao varrer o sagrado desvão

Ao varrer o sagrado desvão
Denominado Memória,
Escolhe uma vassoura reverente
E faz em silencio o teu trabalho.

Será um labor de surpresas
Além da própria identidade,
Outros interlocutores
São uma possibilidade.

Nesses domínios é nobre a poeira,
Deixa que repouse intocada
Não tens como removê-la,
Mas ela pode silenciar-te.

9. Os condenados miram a aurora

Os condenados miram a aurora
Com diferenciado prazer
Pois, quando ao longe tornar a luzir,
Duvidam que possam vê-la.

O homem, que há de morrer amanhã,
Ao rouxinol do prado faz-se atento,
Pois seu trinar comove o machado
Sequioso de sua cabeça.

Feliz daquele, que a enamorada
Aurora precede o dia!
Feliz daquele para quem
O rouxinol canta, sem cantar elegias.

10. Do Drama, a mais viva expressão é o dia comum,

Do Drama, a mais viva expressão é o dia comum,
Que nasce e morre à nossa vista;
Diversamente, a Tragédia,

Ao ser recitada, se dissipa
E é melhor encenada
Quando o público se dispersa
E a bilheteria é fechada.

“Hamlet” seria Hamlet,
Inda que Shakespeare não o criasse,
E “Romeu”, embora sem mais lembranças
De sua Julieta,
Seria perpetuamente encenado
No coração humano
Único teatro que, sabiamente,
O proprietário não consegue fechar.

11. Não tens como apagar um incêndio

Não tens como apagar um incêndio
Coisas que são inflamáveis
Podem queimar por si, sem vento,
Ao longo da noite mais calma.

Não tens como dobrar as águas,
Nem guardá-las na gaveta
Pois os ventos o descobririam
E contariam a teu soalho de cedro.

12. Invejo os mares, onde ele navega

Invejo os mares, onde ele navega
Invejo as rodas e os aros
Das carruagens, que o levam
Invejo as colinas encurvadas

De sua jornada, testemunhas
Todas as coisas podem mirar
O que me é proibido
Como o céu, que me é fechado!

Invejo os ninhos das corruíras,
Que pontuam seus distantes beirais
Em sua vidraça, a opulenta mosca
As tão felizes ramagens,
Que frente à sua janela
Tem permissão do estio para brincar
O que nem os brincos de Pizarro
Poderiam me proporcionar.

Invejo a luz que o desperta
E os sinos que soam irreverentes
E lhe dizem que, Além, a meio vai o dia
Mas que o seu meio-dia sou eu;

Interdita, porém, é minha florada
E se aniquila a minha abelha
Para que o dia pleno não precipite
A mim e a meu anjo em noite eterna.

13. Ele chegou afinal, mais ágil, porém a Morte

Ele chegou afinal, mais ágil, porém a Morte
Havia ocupado a casa:
A pálida mobília já disposta,
Junto com sua paz metálica

Ó fiel geada, que observaste a data!
Tivesse o Amor sido tão pontual,
A alegria teria feito mais alto o portão
E bloqueado sua entrada.

14. A alma escolhe sua companhia

A alma escolhe sua companhia
E fecha a porta, depois.
Em sua augusta suficiência,
Cessam as intromissões.

Indiferente, vê as carruagens
Parando junto ao portão;
Indiferente, um rei de joelhos
Sobre suas alfombras.

Sei que, dentre uma vasta multidão,
Ela escolheu um ser apenas;
Depois, cerrou as aldravas de sua atenção,
Feito pedra.

15. Ergueu-se o arco-íris, após longa tormenta

Ergueu-se o arco-íris, após longa tormenta
Nesta manhã tardia, o sol;
Como indolentes elefantes, as nuvens
Andam dispersas pelo horizonte.

Alegres despertam, nos ninhos, os pássaros
O vento, é certo, amainou;
Mas – ai! – quão desatentos os olhos
Em que o verão rebrilhou!

A calma indiferença da morte
Por nenhuma aurora se abala
Sílabas do lento arcanjo
É que devem despertá-la.

16. Se eu não mais ostentar uma rosa

Se eu não mais ostentar uma rosa
Em dias de festival,
Será porque, para além da rosa,
Fui chamada a retornar.

Se eu não mais disser os nomes,
Por minhas flores celebrados,
Será porque os dedos da morte
Cerraram meu balbuciante lábio.

17. Fascina-me um olhar em agonia

Fascina-me um olhar em agonia,
Por saber que é verdadeiro:
Não se fingem convulsões,
Nem simula-se uma dor.

Descem brumas sobre os olhos
É a Morte, impossível falsear
As contas, pela cruel angústia,
Na fronte alinhadas feito um colar.

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